Sunday, October 7, 2007

IK em Ipatinga - "Jornal ALEF"

Menu principal ALEF: 23 mil assinantes no mundo
http://www.jornalalef.com.br/
Nota publicada na edição 1.091 do Jornal ALEF, em 7 de outubro de 2007, que também reproduz a entrevista concedida ao historiador Wilson Garzon do website "Clube de Jazz".

Ithamara Koorax

Considerada pela crítica especializada comouma das cinco melhores cantoras de jazz do mundo
Ithamara Koorax foi a grande sensação da nona edição do “Ipatinga Live Jazz Festival”, o mais importante evento do gênero em Minas Gerais. Ovacionada pelo público no Teatro do Centro Cultural Usiminas, retornou ao palco para três bis. Este foi apenas um dos 60 shows já realizados este ano, a nível mundial.

Ithamara Koorax reviewed in Moscow

http://www.mnweekly.ru/cdrev/20071004/55280754.html

Moscow News - CD review - CD ReviewSome critics consider Brazilian Butterfly to be the singer's most diverse and risky record to date, and they have many reasons to say so. Although Koorax is ...

04/10/2007 Moscow News,№39 2007
CD Review by Vladimir Koslov

This is a new album from Rio de Janeiro-based pop-jazz vocalist Ithamara Koorax, who has long been established as a recording artist in her native Brazil as well as in Europe, Japan and the United States. Some critics consider Brazilian Butterfly to be the singer's most diverse and risky record to date, and they have many reasons to say so. Although Koorax is normally pigeonholed as a "pop jazz" singer, the record sounds not exactly poppy, while soulful jazz and bossa nova intermingle on many of the album's 11 tracks, which are mostly long and have sophisticated structures, giving the listener just under 80 minutes of music. Those who will pay careful attention to the arrangements are unlikely to overlook percussion - it is often difficult to tell how many percussionists play different kinds of instruments on the same song. (Vladimir Kozlov)

Saturday, October 6, 2007

Ithamara Koorax at Ipatinga Live Jazz Festival - Pictures


Haroldo Jobim, Jorge Pescara, Dino Rangel, Ithamara Koorax, José Roberto Bertrami, Marcos Ozzellin
Jorge Pescara, Ithamara Koorax, Dino Rangel

Valéria Altoé, Ithamara Koorax, Bianca Torres

Wilson Garzon, Ithamara Koorax

Ithamara Koorax and festival producer Valéria Altoé

Ithamara Koorax & band on stage at the Ipatinga Live Jazz Festival 2007

Ipatinga Live Jazz 2007 - Programa do Festival

Friday, October 5, 2007

"Brother and Sister" reviewed on Swing2Bop


http://www.swing2bop.com/reviews.html#261

Gazzara: Brother And Sister (Ritmica SILRIT 0010)

Italian-based pianist, keyboard player and guitarist Francesco Gazzara here offers a selection of music that while leaning towards contemporary pop has a lively and highly rhythmic appeal. Throughout there is an air of fluid grace that subtly renders some attractive pieces, most of which are composed (or sometimes co-composed by Gazzara). There are four instrumental tracks, the rest having vocals, most of which are taken by Yasemin Sannino and are mainly sung in English. Instrumentalists appearing on this CD include flautist Eduardo Piloto Barreto, guitarist Marco Lamioni, bassists Luca Fogagnolo, Massimo Sanna, percussionist Mauro Mirti, while other singers are Jo Oakley, Desiree Mohammad, Wendy Lewis and Ithamara Koorax. Gazzara's regular live band includes guitarist David Giacomini and drummer Giuiliano Ferrari as well as Fogagnolo and Mirti. One of the songs from this CD, 'O Passarinho', composed by Gazzara, Koorax and Arnaldo DeSouteiro, has also been separately released in four versions on an EP. This song has attracted a lot of attention in Europe, especially in Italy. An attractive contemporary pop album by a band that deserves widespread attention.

IK at Ipatinga - "Clube de Jazz" review, Oct 5


http://www.clubedejazz.com.br/noticias/noticia.php?noticia_id=538

Ipatinga: amizade regada a bom jazz
Eventos


Esse artigo retrata com alegria, os três dias da nona edição do Ipatinga Live Jazz, por onde passaram Ithamara Koorax, Jeff Gardner, José Roberto Bertrami e Marcel Powell, entre outros.
05/10/2007 - Wilson Garzon

Ao contrário do Tudo é Jazz em Ouro Preto, quando participei do festival mais como espectador, em contato com amigos, músicos e jazzófilos, no Live Jazz em Ipatinga, vivenciei o outro lado do festival, ao participar do dia-a-dia da organização e na convivência com os músicos no hotel e no teatro. O resumo dessa ópera é que foram três dias intensos de encontros e curtidos ao bel prazer de um excelente jazz. Depois de viajar por três horas e meia pelas curvas de uma sinuosa rodovia, cheguei a Ipatinga por volta das 4 da tarde e depois de deixar os pertences no San Diego Hotel, meia-hora depois já estava em pleno Teatro, onde me encontrei a produtora do festival Valéria Altoé e Marilda Lyra (imprensa), ganhando uma camisa branca do Live Jazz 2007. Estava, portanto ungido para receber os bons fluidos musicais que viriam a seguir. Gostaria de ressaltar que essa matéria à cobertura de seis shows em três dias (27 a 29/09) e não inclui os de Madeleine Perroux (15/09), Choro na Feira (23/09) e DuoFel (25/09).

27/09 – Quinta-feira

20h30 – Marcel Powell
O Festival, teve seu início com a abertura sendo feita através da Banda TOM, composta por 22 adolescentes e jovens, tocando o tema “Nazareth na Confraria” de Márvio Ciribelli, com público emocionado pela arte dos músicos, todos eles ligados ao projeto social que os sustenta. Logo em seguida, festival começou com o violonista Michel Powell (solo, duo e trio), que prestou homenagens ao pai Baden e a grandes mestres de nossa música popular. Michel abriu com o “Samba do avião” de Jobim e depois viajou nas dores de cotovelo do “Violão Vadio”, onde estava presente o sentimento de um Baden diante a uma crise amorosa. Logo em seguida, convocou Rodrigo Villa no baixo e Sandro Araújo na percussão e bateria para formarem um trio para tocar afro-sambas como Canto de Ossanha, Consolação e Berimbau, entre outras.

22h30 - Luciana Rabelo
A segunda parte da noite ficou por conta do quinteto da cavaquinista Luciana Rabelo, que tinha em sua banda, Cristóvão Bastos ao piano, Julião Pinheiro no violão 7 cordas, Ana Rabello no cavaquinho e Celsinho Silva no pandeiro A primeira parte do repertório foi composta por sambas e choros “mainstream”, competente, porém conservador. O ponto alto foi o duo de Luciana e Cristóvão, que tocaram três choros do próprio Cristóvão, cheio de nuances e inventividades.

28/09 – Sexta-feira

Na manhã de sexta, no café-da-manhã, me encontrei com dois velhos amigos, o produtor e jornalista Arnaldo DeSouteiro, dono do selo americano JSR e Ithamara Koorax, sem dúvida, uma das maiores cantoras tanto de jazz quanto da música brasileira nessa última década. Durante a tarde, fiquei envolvido com a passagem de som para o show da noite; como sou neófito nesse tema, falei pouco, mas prestei muita atenção.

20h30 - Quinteto de Matheus Barbosa
Podemos considerar que esse jovem guitarrista de 16 anos é a mais nova revelação do instrumental mineiro. O seu talento precoce teve o apadrinhamento de grandes músicos mineiros para esse show: Enéias Xavier (teclados), Beto Lopes (baixo elétrico), Esdra “Neném” Ferreira (bateria) e Cléber Alves (sax-tenor e soprano). Como é natural de Ipatinga, o auditório estava repleto de seus colegas da Escola Criativa para vibrarem com standards como “Four on Six” de Wes Montgomery , “Stella by Starlight” e “Vera Cruz”, além de composições pessoais como “Naturalmente”. O final, em grande estilo, coube à bela melodia de Juarez Moreira, “Você chegou sorrindo”.

22h00 - Ithamara Quintet
Sem dúvida, o melhor show do festival. Ithamara Koorax entrou no palco cercada de grandes instrumentistas: Jorge Pescara (baixo elétrico), José Roberto Bertrami (piano e teclado), Haroldo Jobim (bateria) e Dino Rangel (guitarra). O show abriu a mil com o clássico coltraneano “My Favorite Things” emendado com “The Shadow of Your Smile”. Aos poucos a platéia foi se envolvendo com a sua arte e se integrou de vez quando Ithamara fez duos com Dino Rangel em “April in Paris” e “Bye bye Blackbird” com Jorge Pescara (dedicado a esse colunista). Do repertório brasileiro, não poderia faltar a jobiniana “Desafinado” e a marca registrada de Ithamara em “Mais que nada” e a emocionante “Fica mal com Deus”.

A presença do azymuthiano Bertrami foi destaque no piano elétrico em “Autumn in New York” e no teclado em “Toque de Cuíca”, com letra de Arnaldo DeSouteiro. Quando voltou para o bis, Ithamara nos brindou com uma seleção de músicas para mexer com a sensibilidade dessa platéia premiada: cantou “Disritmia” de Martinho da Vila a capella, e fez um duo com Bertrami em “Negue” de Adelino Moreira. A despedida, com chave de ouro, foi arquitetada por Arnaldo ao escrever uma letra sobre o festival de Ipatinga utilizando a música-homenagem “Young and Fine”, de Joe Zawinul, falecido recentemente. Uma boa dica para Valéria Altoé incorporá-la como tema do Ipatinga Live Jazz.

29/09 - Sábado

Pela manhã pude assistir a dois workshops. O primeiro foi ministrado pelo pianista norte-americano Jeff Gardner, que apresentou dentro de um estilo bem acadêmico e didático. Em seguida, foi a vez de Jorge Pescara ensinar seus macetes para improviso no baixo elétrico, utilizando técnicas como slaps e funky fingers, além é claro de apresentar seu livro sobre “Harmônicos”. Pela tarde tive com Arnaldo e Pescara uma proveitosa discussão sobre Cds x Downloads. Na minha opinião, não há conflito, pois se trata de dois mercados diferenciados: o cd atende a um mercado tradicional identificado com o rito da compra e o download atende a quem fez sua opção pela virtualidade, ou seja música baixada pela internet. Acima desse conflito estão os direitos autorais, as mudanças tecnológicas e o futuro do negócio da produção cultural. Esse tema irei desenvolvê-lo mais tarde numa matéria especial para o Clube de Jazz.

20h30 – Trombominas
A Cia. Trombominas - Quarteto de Trombones, formada há nove anos pelos professores Marcos Flávio, Alaécio Martins, Renato Lisboa e Sérgio Rocha, possui um amplo repertório com mais de duzentas músicas, atendendo tanto o público erudito quanto o popular. Tendo como mestre de cerimônias Marcos Flávio, o Trombominas se apresentou dentro da mpb, com exceção de duas composições: “Contraponto No. 9” de Bach, em ritmo de samba utilizando uma harmonia classificada de “horizontal”, ligada à polifonia, comum na época do autor; e “Trenzinho Caipira” de Villa-Lobos, numa interpretação que cativou toda a platéia. Do nosso cancioneiro, homenagearam o Clube da Esquina com “Fé cega, Faca amolada”, Pixinguinha com “Carinhoso”, a bossa nova com “Eu sei q vou te amar” e o Nordeste com “Amargo que nem jiló”

22h30 - Jeff Gardner Trio
O último show do festival foi conduzido por Jeff Gardner ao piano, tendo Alberto Continentino no baixo acústico e Rafael Barata na bateria. O repertório foi quase todo baseado "Abraços", último cd do trio, sendo que o único standard executado foi “Felicidade”, de Tom e Vinícius. As músicas interpretadas no show seguiam ao parâmetro de homenagens (Hermeto Paschoal e a Banda Mantiqueira) idealizado por esse competente pianista radicado há muito no Brasil e morando atualmente em Saquarema/RJ. Do cd também foram executadas “Chameguenta” e a linda “Barca das Estrelas”.

Despedida

Antes de encerrar, agradeço a Valéria Altoé pela amizade e parceria que desenvolvemos entre o Festival e o Clube de Jazz ao longo desse ano. Um carinhoso abraço para Marilda Lyra na Assessoria de Comunicação e à equipe formada pela jornalista Bianca Torres e pelo assistente de produção Leonardo Altoé. Por último a todos os auxiliares, com destaque para “Seu Odo”, que me conduziu do teatro ao hotel, com muito humor e paciência. No mais, fica no ar o meu desejo que a décima edição seja mais uma vez a celebração de amizade regada a muito jazz.

Fotos:
Madeleine Peyroux e Valéria Altoé, DuoFel, Marcel Powell, Matheus Barbosa, Ithamara, Bertrami , Itha c/ Jorge Pescara, Itha c/ Dino Rangel, Trombominas, Jeff Gardner e a Equipe do Festival (foto: Rodrigo Zeferino / Agência Grão)

Ipatinga Live Jazz 2007 - "Clube de Jazz" interview, Sept. 24

http://www.clubedejazz.com.br/noticias/noticia.php?noticia_id=533

Presença e Arte de Ithamara Koorax
Entrevistas
É com enorme satisfação que o Clube de Jazz entrevista Ithamara Koorax, a maior cantora brasileira de jazz, que pela primeira vez vai pisar em solo mineiro para cantar e ser a grande estrela do Ipatinga Jazz Live 2007.

24/09/2007 - Wilson Garzon

Wilson Garzon - Como foi seu primeiro contato com o jazz?

Ithamara Koorax - Ainda criança, eu comecei a comprar meus primeiros LPs de jazz, aqueles discos de capa preto e banco da Pablo, que naquela época eram lançados no Brasil. Discos de Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Joe Pass, Oscar Peterson. Nunca poderia imaginar que, um dia, eu estaria lançando meus CDs nos EUA pela mesma gravadora, a Milestone/Fantasy, que comprou o acervo da Pablo. Tanto que, em algumas compilações, minhas faixas são colocadas junto com gravações da Ella e da Sarah, o que me dá uma alegria enorme. Mas eu nunca tentei imita-las, porque seria ridículo, e as cantoras que acabaram mais me influenciando foram Carmen McRae, Shirley Horn, Urszula Dudziak, Flora Purim e Rachelle Ferrell, junto com Sinatra, Tony Bennett e Mark Murphy. Claro que eu ouvia também cantoras brasileiras como Elizeth Cardoso (que viria a ser minha madrinha artística), Elis Regina e Stellinha Egg, as minhas preferidas, cujas influências se somaram às inspirações jazzísticas. Os instrumentistas também tiveram uma grande influência. Meu fraseado assimilou muita coisa de trompetistas como Miles, Chet, Hubbard e Lew Soloff. Aprendi a pontuar ouvindo os solos de Ron Carter. Aprendi a dividir ouvindo bateristas como Steve Gadd e Billy Cobham e tocando ao lado de Dom Um Romão entre 1998 e 2005, tanto que melhorei muito depois de tocar com ele.

WG - Como é ser eleita pela revista DownBeat como a quarta melhor cantora de jazz no mundo, ficando à frente de figuras tarimbadas como Abbey Lincon, Norah Jones, Shirley Horn e Jane Monheit?

IK – Obviamente é uma grande honra. Este quarto lugar foi em 2002. Antes eu já havia ficado em décimo lugar como cantora, e em terceiro lugar na categoria de “Beyond Artist” na votação de 2000, por conta do sucesso do “Serenade In Blue”. Na votação de 2002, fiquei atrás apenas de Diana Krall, Cassandra Wilson e Dianne Reeves. Mas não vou ficar me preocupando com isso. Eventualmente eu posso ser a oitava, como aconteceu em 2005, ou a sétima, como aconteceu em 2006. Ou nem aparecer na lista, porque esse tipo de resultado depende de muitos outros fatores sobre os quais eu não tenho controle: depende da promoção que a gravadora faz, da execução dos discos nas rádios, da repercussão junto à crítica, enfim, é uma conjunção de fatores. Agora em 2007, por exemplo, eu acho que tenho chances de obter uma boa colocação porque o “Brazilian Butterfly” tem recebido críticas maravilhosas, inclusive ganhou quatro estrelas na própria DownBeat, além de ter sido elogiadíssimo na JazzTimes, Cadence, Jazz Hot, Jazz ‘n’ More. Além disso, é um disco que gerou singles e remixes para as pistas de dança, ampliando o público consumidor na área de dancefloor-jazz, que tem um público enorme na Europa e na Ásia. E a votação é mundial, não são apenas os leitores americanos que podem votar. Este ano eu também participei de discos de outros artistas, como o guitarrista Lou Volpe, o pianista inglês Chris Conway e a banda italiana Gazzara, com quem gravei uma faixa que estourou nas rádios na Europa depois de ter entrado na trilha do Big Brother italiano. Tudo isto ajuda.

WG - Quando e como se deu o começo de sua carreira internacional?

IK - Começou poucos meses depois da carreira no Brasil, em 1990. Logo após eu ter gravado a música “Iluminada” para a mini-série “Riacho Doce”, da TV Globo, recebi um convite de Mauricio Carrilho e Pedro Amorim para excursionar com eles ao Japão. Fiz muitos contatos e voltei com um contrato assinado com a JVC, que lançou meu primeiro disco, gravado ao vivo e unplugged, antes dessas duas coisas virarem moda. Depois assinei um contrato de longo prazo com a King Records, gravadora da Sanyo Corporation, pela qual lancei cinco discos, alguns gravados em Tóquio. Eles me marketearam como uma cantora de jazz, o que foi ótimo. As turnês passaram a acontecer quase todos os anos, e desde 2000 a minha popularidade tem se solidificado também na Coréia, Taiwan, Hong Kong e China. Foi em 2000 também que eu assinei um contrato com a Milestone para começar a ter meus discos lançados nos Estados Unidos. Até então eu era completamente desconhecida por lá, as revistas me ignoravam e eu nunca havia sido sequer citada na DownBeat. Felizmente, hoje a situação é muito diferente e a minha carreira está estabilizada no mundo todo.

WG - Quais sõ os principais festivais de jazz na Europa, Japão e Coréia do Sul que você participou nos últimos anos?

IK - Não foram muitos porque, embora eu tenha feito 104 shows em 2005 e 118 em 2006, prefiro tocar em teatros e clubes de jazz. Este ano diminui um pouco o ritmo, mas já devo ter feito uns 60 shows. Os shows em festivais na Europa obedecem a um tempo de apresentação limitado, geralmente não pode passar de cinquenta minutos. Em Northsea e Montreux, por exemplo, são cinco ou seis atrações por noite, fora os shows em mostras paralelas. E tem algumas coisas que eu não aceito, como cantar em “noite brasileira” porque não tenho nada a ver com axé ou pagode. Não vou à Europa para cantar em festival dentro do metrô parisiense nem em um palquinho em Montreux na beira da piscina. Já tenho um prestígio que me permite lotar teatros, inclusive na França e na Suíça, onde fiz dezesseis shows no ano passado com o Peter Scharli Trio. Em julho cantei no Funchal Jazz Festival, em Portugal, na mesma noite do grupo San Francisco Jazz Collective, um time de all-stars formado pelo Joe Lovano, Dave Douglas, Stefon Harris, que é barra-pesadíssima. E o público foi ao delírio, tivemos críticas maravilhosas de todos os correspondentes europeus que estavam presentes. Mas eram apenas duas atrações por noite, sem limitação de tempo e com um som maravilhoso. Também já fiz várias vezes o Camden Town Jazz Festival, em Londres. Na última ida à Coréia, foram três semanas de trabalho, com um grande show ao ar livre no principal festival de jazz, para 4 mil pessoas nos jardins do Museu de Seul, além de três especiais de televisão. Nem sempre é possível levar a banda brasileira, mas tenho grupos ensaiados na Europa e no Japão. Cada dia gosto mais também de cantar com orquestras sinfônicas, o que não é possível em festivais.

WG - O que você destaca no seu cd "Autumn em New York" que a ranqueou entre as melhores cantoras de jazz pela revista Downbeat em 2005?

IK - Adoro aquele disco. Foi meu primeiro projeto straight-ahead, somente com trio de piano acústico e um repertório de standards. Gravamos tudo em dois dias, ao vivo em estúdio, tudo valendo de primeira, inclusive a voz. O pianista Jurgen Friedrich trouxe alguns esboços de arranjos, mas a maior parte foi improvisada. Cada faixa é dedicada a um ídolo meu: Chet Baker (She Was Too Good To Me), Miles Davis (I Fall in Love Too Easily”) e a faixa-título “Autumn in New York”, uma música que eu aprendi a amar ouvindo a gravação da Ella Fitzgerald.

WG - Fale um pouco sobre seu último cd "Brazilian Butterfly", e se ele será lançado no Brasil.

IK - Não há plano de ter este disco prensado no Brasil, mas isso não faz mais diferença. Pela internet, qualquer pessoa de qualquer parte do mundo pode comprar ou fazer um download legal ou pirata. Estou muito orgulhosa deste disco, e principalmente de ter conseguido criar uma marca Ithamara Koorax que independe de estilo, de instrumentação, de qualquer coisa. O crítico que assinou o review do Brazilian Butterfly na DownBeat, o Fred Bouchard, que é um historiador e professor no Berklee College, começa o texto dizendo que eu sou “deliciosamente imprevisível”. Eu não faço um disco igual a outro, todos são diferentes. Odeio ficar me repetindo, não acho a menor graça em cantar sempre do mesmo jeito. O bacana é que quem gosta da minha voz, e da minha maneira de cantar, vai sempre aos shows e compra os discos, sem se preocupar com o repertório ou com a estética. Quem me odeia, vai me odiar sempre. Quem gosta, curte esta imprevisibilidade. Eu gosto que as pessoas tomem um susto quando ouvem um disco novo. Num projeto eu gravo standards e temas de Dave Brubeck, no seguinte eu gravo Dorival Caymmi e Milton Nascimento, junto com Herbie Hancock. Mas sempre tem a tal “marca Ithamara Koorax”, que alguns acham ruim, outros gostam, mas o importante é que ela existe e vem mantendo a minha carreira em ascensão há dezessete anos.

WG - Sua apresentação no Ipatinga Jazz Live será a primeira em território mineiro. Como se sente a respeito desse fato e o que os espectadores podem esperar de seu repertório?

IK - Pois é, as famosas “panelinhas”...(rsss) Finalmente irei quebrar este encanto, estou muito feliz com o convite da Valéria Altoé. Espero que seja o primeiro de muitos shows em Minas. Gostaria de poder ir a Belo Horizonte também, mas o pessoal lá sempre reclama do meu cachê. Não entendo isso, porque já cantei em quase todos os Estados (do Acre ao Rio Grande do Sul, de Manaus a Sergipe) e ninguém acha caro o valor do show. Enfim, vou levar para Ipatinga o mesmo show que eu levo para Londres ou para Seul. Pra mim não tem diferença cantar no Brasil ou no exterior, a minha entrega e dedicação são as mesmas. Pretendo cantar pelo menos uma música de cada um dos meus dez discos. Mas tenho 200 músicas ensaiadas com este grupo e só decido o repertório na hora do show, ou no último ensaio. O tecladista é o José Roberto Bertrami, líder do Azymuth e que gravou com Sarah Vaughan e Elis Regina. Então é um privilégio atuar com ele há 17 anos, assim como é uma honra tocar com o baixista Jorge Pescara e o baterista Haroldo Jobim. Já temos uma interação quase telepática e sempre nos divertimos muito. Desta vez terei ainda o Dino Rangel, um guitarrista fantástico que tocou comigo em 2002 na época do sexteto que também tinha o Marco Antonio Monteiro na harpa e o Dom Um Romão na percussão.

WG - Tem planos para um próximo CD? E agenda para os próximos shows?

IK - Felizmente a agenda já tem shows marcados até maio de 2008. Acabei de chegar da Europa especialmente para o show de Ipatinga e já terei que voltar na próxima semana porque uma música minha, "O Passarinho", gravada com a banda Gazzara, entrou na trilha sonora da versão italiana do Big Brother e estourou nas rádios e nas pistas de dança, com vários remixes. Em outubro faço a minha turnê asiática anual, incluindo Japão, Coréia, China, Hong Kong e Taiwan. Meu próximo disco, gravado na Suiça em outubro de 2006, está pronto e será lançado no final do ano. Claro que eu ainda tenho muitos sonhos, entre eles cantar em Israel e na Polônia. Mas posso dizer que já me sinto plenamente realizada. Caso eu decidisse me "aposentar" precocemente, me aposentaria feliz demais! Toquei e gravei com meus maiores ídolos: Tom Jobim, Luiz Bonfá, Ron Carter, Larry Coryell, John McLaughlin, Dom Um Romão, Dave Brubeck, Raul de Souza, Gonzalo Rubalcaba, Mario Castro-Neves, João Palma. Não existe prêmio maior do que este!

IK em Ipatinga - "Diário do Aço"

Notas publicadas no jornal "Diário do Aço" (Minas Gerais) em 28 de setembro de 2007

Coluna "Primeiro Plano", de Francisco Neto (pág. 20)
Mural

Valendo pelo IX Ipatinga Live Jazz hoje, 20h30, no Centro Cultural Usiminas, tem Matheus Barbosa Quinteto e Ithamara Koorax, de São Paulo

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Coluna "Espetáculo" (pág. 19)
Jovem talento e cantora consagrada no Live Jazz

IPATINGA - O 9º Ipatinga Live Jazz promove mais uma noite de muita música boa, nesta sexta-feira. O quarto dia do Festival traz para o Teatro do Usicultura a "prata da casa" Matheus Barbosa e Quinteto e a cantora carioca Ithamara Koorax. O guitarrista, violonista e compositor ipatinguense Matheus Barbosa, de apenas 16 anos, vai abrir a noite acompanhado dos músicos Esdras Ferreira "Neném" (bateria), Eneias Xavier (piano), Beto Lopes (baixo) e Cleber Alves (saxofone). Já gravou e tocou com Chico Amaral, André Queiroz "Limão", Irio Jr. e Paulinho Trompete, entre outros.
Show inédito
Depois do talento jovial de Matheus, entra em cena a experiência de Ithamara Koorax, que se apresenta pela primeira vez em Minas Gerais. O público vai conhecer sucessos de seu trabalhos, em especial o nono disco solo "Brazilian Butterfly". O CD é considerado pelas mais importantes revistas de música como um dos melhores do ano. Ithamara se apresentará acompanhada por José Roberto Bertrami (teclados), Jorge Pescara (baixo), Haroldo Jobim (bateria) e Dino Rangel (guitarra), com direção musical de Arnaldo DeSouteiro e produção executiva de Marcos Ozzellin.

Aclamada por especialistas do gênero como uma das melhores cantoras do mundo, a carioca já se apresentou nos principais internacionais como o Jazz Cafe, em Londres, Carreau du Temple em Paris, Sanyo Hall em Tokyo, Metropolitan e Teatro Municipal do Rio de Janeiro e muitos outros.

Leganda da foto:
A cantora carioca Ithamara Koorax é apontada como uma das melhores do mundo

IK em Ipatinga - "Diário Popular"

Nota publicada no jornal "Diário Popular" em 28 de setembro de 2007, pág. 13, coluna "Acontecendo", de Nivaldo Resende

Ithamara Koorax

Hoje à noite tem apresentação do quinteto de Mateus Barbosa no Ipatinga Live Jazz, abrindo a noite em que a grande atração será a cantora Ithamara Koorax, que sobe ao palco do Centro Cultural Usiminas acompanhada de José Roberto Bertrami (teclados), Jorge Pescara (baixo), Haroldo Jobim (bateria) e Dino Rangel (guitarra). A direção musical do espetáculo é de Arnaldo DeSouteiro, com produção executiva de Marcos Ozzellin.

IK em patinga - "Jornal do Brasil"

Notícia publicada hoje, 5 de outubro, no Jornal do Brasil, página A15 do caderno Cidade - coluna "Anna Ramalho"

Ela merece

Ithamara Koorax e Madeleine Peyroux foram o centro das atenções do Ipatinga Live, importante evento de jazz em Minas Gerais. Mas, de acordo com uma pesquisa realizada pela produção - com direito a questionário, tabulação e que tais -, Ithamara desbancou a Peyroux: seu show foi o preferido pelo público e pela critica. Oba!