Monday, September 3, 2007

Artigo publicado no "Diário de Campos"



Jornal "O Diário de Campos" -
Campos dos Goytacazes, 16.08.2007 - quinta-feira
Caderno Dmais


Uma das quatro melhores do mundo

“Eu costumo dizer que não escolhi a música. Fui escolhida por ela”. Assim afirmou a cantora Ithamara Koorax em entrevista ao Jornal O Diário. Badalada artista do mundo do jazz, aclamada entre as quatro melhores do mundo pela Revista Down Beat (uma bíblia do jazz) em 2002, ela estará hoje, às 20h, no Palácio da Cultura.

O que o Jazz tem de melhor
Telmo Filho


“Eu costumo dizer que eu não escolhi a música. Fui escolhida por ela”. Assim afirmou a cantora Ithamara Koorax numa entrevista dada ao Jornal O Diário. Uma badalada artista do mundo do jazz, aclamada como uma das quatro melhores do mundo pela Revista Down Beat (uma bíblia do jazz) em 2002, estará hoje, às 20h, no Palácio da Cultura, dando continuidade a programação do II Jazz, Blues & Imagem, evento este que está sendo realizado pelo Sesc Rio no Sesc Campos.

Segundo Ithamara, o espetáculo será uma retrospectiva dos seus 17 anos de carreira, garantindo cantar músicas dos dez discos. A música “Mas que Nada”, gravada três vezes pela cantora, e “Carinhoso”, que faz parte do CD “Brazilian Butterfly, lançado este ano, comporá o repertório. “O resto eu decido na hora. Os músicos sobem ao palco com uma lista de até 120 músicas e ficam prontos para o que vai rolar”, explicou.

“My Favorite Things”, carro-chefe do John Coltrane, e “I Get A Kick Out of You”, uma das favoritas de Frank Sinatra, também serão cantadas por Ithamara. “Estou testando também alguns arranjos para músicas de Cassiano (“Primavera”) e Nonato Buzar (“Vesti Azul”), que eu penso incluir no próximo disco.

Rótulo – Ser rotulada como “cantora brasileira de jazz” atrapalha um pouco sua carreira, pois, para Ithamara, limita a sua área de atuação no Brasil. “Pessoas que não gostem de jazz podem nem querer ouvir o meu trabalho pensando que eu só canto jazz. Pior, pensando que eu canto um determinado tipo de som, que na cabeça delas, significa jazz. Se a pessoa é fã de bebop ou jazz tradicional, por exemplo, vai no mínimo ficar frustrada, porque não canto bebop e raramente faço scat-singing, embora eu saiba fazer”.

De acordo com Ithamara, jamais se auto-definiu como “jazz singer”, pois para ela este termo remete logo à Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e Leny Andrade no Brasil. “Acho ridículo ficar imitando as cantoras americanas. Elas são cantoras puramente de jazz, não eu”. Ithamara frisou gostar de música eletrônica. “Trabalho com Djs, minhas gravações são sempre remixadas para o mercado de dance-music, misturo elementos de jazz com samba e funk. Estou longe de ser uma purista”.

Entre as quatro – Ithamara foi eleita a quarta melhor cantora do mundo, na 67ª votação anual, publicada na edição de dezembro de 2002, da revista mais importante da história do jazz, a Down Beat, ficando atrás apenas de Cassandra Wilson, Diana Krall e Dianne Reeves, e à frente de Dee Dee Bridgewater, Norah Jones e Jane Monheit. “Foi um absurdo”, risos.

Desde então tem se mantido entre as Top 10. No ano passado ficou em sétimo lugar na revista. “Mas eu não posso ficar me preocupando com isso porque estas premiações dependem de vários fatores sobre os quais não tenho controle: divulgação, execução em rádio, a sorte de alguma faixa entrer numa trilha sonora ou numa coletânea de sucesso”, ressaltou.

Trajetória

Ithamara Koorax iniciou sua carreira profissional em 1990 quando foi chamada para lançar as composições da dupla Guinga e Aldir Blanc. Fez sua primeira gravação “Iluminada” para a trilha da série “Riacho Doce”, da TV Globo e recebeu convite para fazer sua primeira turnê pelo Japão. Seu primeiro CD “Ithamara Ao Vivo Acústico”, antes de começar a onda dos “unpluggeds”, saiu em 93 pela JVC e era totalmente MPB. “Foi um sucesso de crítica e um fracasso de vendas”, lembrou. Em 94 saiu o segundo CD “Rio Vermelho”, gravado com Tom Jobim, Luiz Bonfá, Ron Carter e Sadao Watanabe. Uma das faixas “Cry Me A River”, a única que Ithamara tinha gravado em inglês, estourou nas rádios japoneses e o CD chegou a Top 10 da parada de jazz.

Ithamara contou que passou a ouvir jazz cada vez mais e isso começou a refletir em seus discos. “Até que recebi o convite da Milestone Records em 1999 para assinar um contrato para o mercado dos EUA. Com o lançamento do disco “Serenade in Blue”, passei a ser rotulada como “jazz singer” pelos críticos, por causa do meu fraseado. Até então, meus discos saíam apenas na Europa e no Japão, e por isso eu era solemente ignorada por todas as revistas norte-americanas”. A cantora declarou seu amor pela Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan, mas suas minhas maiores influências foram Carmen McRae, Shirley Horn, Tony Bennett, Urszula Dudziak, Mark Murphy e Flora Purim.

O álbum mais recente foi lançado mundialmenete este ano, intitulado “Brazilian Butterfly” que já vem sendo aclamado pelas mais importantes revistas de música do mundo, incluindo as edições de Fevereiro de 2007 da DownBeat (4 estrelas), Jazz & More (5 estrelas, eleito “disco do mês”) e JazzTimes (também votado disco vocal do mês).

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