Friday, January 2, 2009

O Brasil no pódio das vozes do jazz - "O Globo"

Jornal "O Globo"
Revista "Rio Show"
Sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Índice, pág. 3
22 - Ithamara Koorax, eleita uma das três melhores cantoras de jazz do mundo, se apresenta no Mistura Fina hoje e amanhã
O Brasil no pódio das vozes do jazz
Eleita uma das maiores do mundo, Ithamara Koorax canta hoje e amanhã no Mistura Fina
(Rafael Teixeira)

Gênero consagrado nos Estados Unidos, o jazz já legou ao mundo um naipe de belas vozes femininas, a maioria, claro, de americanas, de Ella Fitzgerald a Billie Holiday, de Sarah Vaughan a Nina Simone. Consagrada lá fora, a brasileira Ithamara Koorax já vinha, há tempos, sendo incluída nesse panteão, mas, este ano, alcançou o pódio das divas do jazz em eleição da revista "DownBeat" - ficou atrás de Diana Krall, em primeiro lugar, e de Cassandra Wilson, segunda colocada. E os brasileiros podem comemorar com Ithamara, que canta hoje e amanhã no Mistura Fina.

- Embora desde 2000 seja citada entre as "dez mais" em várias revistas, nunca tinha alcançado posição tão alta. Fico feliz com este reconhecimento. Mas jamais me preocupo com prêmios - diz a cantora, que elogia as outras duas ocupantes do pódio. - Quando a Diana gravou o DVD no Rio, em novembro, eu estava lá na primeira fila. Sou fanzoca. A Cassandra é espetacular, mas em uma outra linha. Prefiro a voz da Cassandra e a estética da Diana.

Acompanhada por José Roberto Bertrami (teclados), Jorge Pescara (baixo), Haroldo Jobim (bateria), Rodrigo Lima (guitarra) e Marcos Ozzellin (vocais), a cantora aproveita os shows para montar o repertório do seu próximo disco.

- Escolhi músicas que eu nunca gravei, mas que amo cantar em casa, como "Got to be real", "Never can say goodbye" e "The windmills of your mind". O público poderá votar nas cinco favoritas, e as mais votadas entrarão no disco - conta.
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Versão integral da entrevista concedida por Ithamara Koorax, de Nova Iorque, em 12 de dezembro de 2008, ao repórter Rafael Teixeira, do jornal "O Globo".

1. Como você recebeu a notícia de que foi escolhida como uma das três maiores cantoras da jazz da atualidade?

IK: Embora desde 2000 eu seja citada entre as "10 mais" em várias revistas, como a DownBeat, Jazz People, Swing Journal e Jazz Hot, eu nunca tinha alcançado uma posição tão alta. Então fico muito feliz com este reconhecimento. Mas jamais fico preocupada com prêmios. Eles são a consequencia de muito trabalho, dos mais de 60 shows que realizei em 2008 no exterior, e da excelente acolhida dos meus 2 dois ultimos CDs ("Obrigado Dom Um Romão" e "Brazilian Butterfly") junto à crítica no mundo inteiro.

2. O que você acha do trabalho das outras duas eleitas, Diana Krall e Cassandra Wilson?

IK: Quando a Diana gravou o DVD no Rio, em novembro, eu estava lá na primeira fila. Sou fanzoca, amo os discos dela. A Cassandra também é espetacular, mas em uma outra linha. Eu diria que prefiro a voz da Cassandra mas gosto mais da estética da Diana Krall.

3. Como tantos outros artistas, como Rosa Passos, Eumir Deodato e, de certa forma, o próprio João Gilberto, você é uma cantora mais conhecida (e reconhecida) lá fora do que no Brasil, pelo menos pelo que chamamos de "grande público"... A que você atribui isso? Em algum momento, isso já te aborreceu?

IK: É uma consequência natural do tipo de música que eu canto. Optei por fazer um som universal, cantando somente o que eu amo e pago um preço alto por isso. Em março farei uma nova turnê de 20 shows pela Europa e os ingressos já estão quase todos vendidos. Este tipo de popularidade, de repercussão, infelizmente não rola no Brasil.

4. O repertório que você vai apresentar no show no Mistura é ancorado em algum disco específico? Como as músicas foram escolhidas? Alguma coisa dos seus dois últimos discos ("Obrigado Dom Um Romão" e "Tributo a Stellinha Egg") entra no show?

IK: Não, porque foram projetos específicos para o exterior. Desta vez quero me concentrar na escolha do repertório para o próximo disco. Então eu escolhi músicas que eu nunca gravei, mas que amo cantar em casa e fazem parte da minha vida. Coisas como "Got To Be Real", "Never Can Say Goodbye", "The Windmills of Your Mind" e "Can't Take My Eyes Off You". O público poderá votar nas cinco favoritas a cada noite, e depois será divulgado o resultado. As mais votadas entrarão no disco que será gravado em abril.

5. Quem faz parte da banda que se apresentará com você neste show?

IK: Meu fiel grupo brasileiro, que já viajou comigo até para a Finlândia e para a Coréia: José Roberto Bertrami (teclados), Jorge Pescara (baixo), Haroldo Jobim (bateria), Rodrigo Lima (guitarra) e Marcos Ozzellin (vocais).

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